há aqueles dias em que queremos viver
há aqueles dias em que não queremos viver
e
há aqueles dias em que queremos não estar
no entanto não há estar sem ser
e o ser é
há aqueles dias em que nos tiram a vida
e seguimos menos vivos
há aqueles dias em que nos tiram a morte
e vivemos mais vivos
há aqueles dias em que sem, estamos com
há aqueles dias que somos só
e
há aqueles dias que somos sós
há aqueles dias em o sol ensolarado não joga luz na escuridão
e ela corre junto
há aqueles dias em que a noite com sua horda de breu acolhe
e viramos mais um, misturamos
há dias em que o torto, o corrompido, o incompleto, o sedento, o transgressor
sobe ao palco e é admirado despreocupado com o que irá dizer
há dias e há noites
há eu e há você
há nós e há o nosso
há o te fazer
há o nos desfazer
há o seu desconstruir
há o nosso florescer
há amor
e
há mar.