A beleza vem da organicidade. A beleza pura e verdadeira,
antes de tentar ser replicada, é apenas, pois ela termina, como tudo deve
terminar. A partir do momento que ela tenta ser eternizada, ou postergada que
seja, sua essência se perde e ficamos apenas com o corpo, vazio e sua
integridade também é perdida. A beleza é em seu auge, bela e indescritível,
pois não nos atentamos que apreciá-la naquele momento é uma dádiva, por isso
chamamos de presente e devemos nos relembrar disso com maior frequência. Ser
grato pelo presente que é o momento, que só é momento, porque o observador é
tão orgânico quanto o objeto findável admirado. Nos exercitar a saber que o
orgânico é finito e sua duração é mais curta do que gostaríamos, nos permite
estar no momento, sabendo que aquilo é tudo o que temos e mesmo tendo, não
existe posse sobre ele. Ele é instável, volátil, lascivo, cru e indomado. O momento é orgânico, selvagem e irracional
como ele se apresenta, aprender a apreciá-lo é um trabalho. Ele, assim como
todas as formas de beleza é orgânico e lindo e perfeito, pois ele acaba. Passa.
Finda. A beleza que não notamos na vida, ou que mais comumente damos conta
perto da morte é que ela acaba. tudo o que fizemos, criamos, acaba conosco e
isso da espaço para outro novo tomar nosso lugar. Nossa organicidade, faz de
nós lindos, de uma beleza imensurável, mas essa beleza não vem só, ela traz
consigo seu término. Seu término, nada mais do que isso. Sem valores, nem bom,
nem ruim. A beleza apenas é. Somos belos porque iremos morrer e temos que desconstruir
a crença que paira subjetivamente, de que a morte é algo que podemos dar juízo
de valor. A morte é tão bela quanto a vida, pois um não caminha sem o outro.
Ambos são uma só coisa, sem distinção, sem diferenciação.